quarta-feira, 30 de outubro de 2013

QUALIDADE ... PRECISA-SE !



A semana passada a minha crónica foi dedicada aos profissionais que labutam na Rádio Moçambique, e que à estação emissora pública do nosso País dedicam o melhor do seu esforço e saber.  E isto porque a 2 de Outubro de 1975 nascia a Rádio Moçambique.  

Na ocasião referi-me ao início da era Rafael Maguni, um profissional da comunicação com passagem pela Voz da Frelimo, que se transmitia a partir de Dar es Salam e de Lusaka, no período da luta de libertação nacional. Um homem que teve sempre o condão de saber ouvir antes de decidir, coisa que hoje falta a muito boa gente.

Maguni fez-se rodear de profissionais de reconhecida capacidade, que na altura trabalhavam no Rádio
Clube de Moçambique e com quem dialogava permanentemente. Na concepção de Rafael Maguni esta Rádio Moçambique que nascia a 2 de Outubro de 1975, tinha de ser diferente, na forma e no conteúdo, comparativamente com aquilo que eram as emissões da Voz da Frelimo, porque os objectivos dum país independente eram outros. 

Trabalhar com Rafael Maguni foi, para mim e para colegas da minha geração, um momento extremamente gratificante. Bastas vezes, nas múltiplas reuniões de trabalho que realizou, Maguni dizia “eu não sei tudo. Convosco preciso de aprender a fazer rádio”. Um exemplo de humildade. 

Também na crónica da semana passada, se estão lembrados, eu fazia referência a alguns males que ainda perduram. Infelizmente há ainda uma desproporção relativamente ao enorme salto tecnológico dado, comparativamente com aquilo que seria de desejar no campo da produção radiofónica, nomeadamente nas áreas de informação e programas. Aqui há ainda um longo caminho a percorrer.

A propósito da crónica da semana passada, recebi um email da Sra. D. Cecília Massinga, ao que sei leitora assídua do “Correio da Manhã” que pela sua importância e pertinência, transcrevo, com a devida vénia:

Antes de mais, peço perdão pelo atrevimento de tomar seu tão precioso tempo. Não resisti depois de lêr o artigo por si escrito ontem relacionado com a Rádio e seus profissionais. Sempre gostei de rádio, talvez por influência dos meus pais que nos incentivavam a escutar determinados programas didácticos e também a lêr e fazer resumos das leituras feitas.Todos os dias devíamos ler o jornal “Noticias” e resumir para eles pelo menos um artigo. Fico muito infeliz quando ouço algumas pessoas a fazer rádio. Sei que muitos não têm culpa de falar Português, mas há coisas inadmissíveis quando se trata de comunicar com milhões de pessoas. Não posso aceitar que alguém diga “caro” em vez de “carro” e carregue a responsabilidade de passar uma informação que afinal é absorvida até pelas crianças. Vejo-me à nora para explicar à minha filha de dez anos que aquele senhor ou aquela senhora falaram incorrectamente. O pior é quando esses senhores se consideram donos do canal emissor e o usam para passar piadas sem graça e com a agravante de as dizerem tão mal ditas. Tenho me perguntado vezes sem conta se não é possível ensinar aos mais jovens sobre a boa postura numa cabine de rádio? Aulas de dicção entre outras coisas fundamentais para não arrepiar quem ouve do outro lado? Sou sua fã há mais de 30 anos (tenho agora 45 anos de idade) e é sempre um prazer ouvir um programa apresentado por si ou pela Senhora Luiza Menezes, só para citar alguns? Peço perdão uma vez mais por tomar seu tempo, mas não resisti.

Mais comentários para quê ?

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