A semana passada a minha crónica foi
dedicada aos profissionais que labutam na Rádio Moçambique, e que à estação
emissora pública do nosso País dedicam o melhor do seu esforço e saber. E isto porque a 2 de Outubro de 1975 nascia a
Rádio Moçambique.
Na ocasião referi-me ao início da era Rafael
Maguni, um profissional da comunicação com passagem pela Voz da Frelimo, que se
transmitia a partir de Dar es Salam e de Lusaka, no período da luta de
libertação nacional. Um homem que teve sempre o condão de saber ouvir antes de
decidir, coisa que hoje falta a muito boa gente.
Maguni fez-se rodear de profissionais de
reconhecida capacidade, que na altura trabalhavam no Rádio
Trabalhar com Rafael Maguni foi, para
mim e para colegas da minha geração, um momento extremamente gratificante.
Bastas vezes, nas múltiplas reuniões de trabalho que realizou, Maguni dizia “eu
não sei tudo. Convosco preciso de aprender a fazer rádio”. Um exemplo de
humildade.
Também na crónica da semana passada, se
estão lembrados, eu fazia referência a alguns males que ainda perduram.
Infelizmente há ainda uma desproporção relativamente ao enorme salto
tecnológico dado, comparativamente com aquilo que seria de desejar no campo da
produção radiofónica, nomeadamente nas áreas de informação e programas. Aqui há
ainda um longo caminho a percorrer.
A propósito da crónica da semana
passada, recebi um email da Sra. D. Cecília Massinga, ao que sei leitora assídua
do “Correio da Manhã” que pela sua importância e pertinência, transcrevo, com a
devida vénia:
“Antes de mais,
peço perdão pelo atrevimento de tomar seu tão precioso tempo. Não resisti
depois de lêr o artigo por si escrito ontem relacionado com a Rádio e seus
profissionais. Sempre gostei de rádio, talvez por influência dos meus pais que
nos incentivavam a escutar determinados programas didácticos e também a lêr e
fazer resumos das leituras feitas.Todos os dias devíamos ler o jornal “Noticias”
e resumir para eles pelo menos um artigo. Fico muito infeliz quando ouço
algumas pessoas a fazer rádio. Sei que muitos não têm culpa de falar Português,
mas há coisas inadmissíveis quando se trata de comunicar com milhões de
pessoas. Não posso aceitar que alguém diga “caro” em vez de “carro” e carregue a
responsabilidade de passar uma informação que afinal é absorvida até pelas
crianças. Vejo-me à nora para explicar à minha filha de dez anos que aquele
senhor ou aquela senhora falaram incorrectamente. O pior é quando esses
senhores se consideram donos do canal emissor e o usam para passar piadas sem
graça e com a agravante de as dizerem tão mal ditas. Tenho me perguntado vezes
sem conta se não é possível ensinar aos mais jovens sobre a boa postura numa
cabine de rádio? Aulas de dicção entre outras coisas fundamentais para não
arrepiar quem ouve do outro lado? Sou sua fã há mais de 30 anos (tenho agora 45
anos de idade) e é sempre um prazer ouvir um programa apresentado por si ou
pela Senhora Luiza Menezes, só para citar alguns? Peço perdão uma vez mais por
tomar seu tempo, mas não resisti.”
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para quê ?
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