Numa das sessões
do Festival de Publicidade realizado em Maio passado e organizado pela
Associação Moçambicana das Empresas de Publicidade fui abordado por um jovem que
frequenta uma universidade privada moçambicana e onde está a formar-se em
Comunicação.
Do seu
professor, ele (e mais cinco colegas da mesma turma) recebeu a tarefa de
escutar a emissão da Rádio Moçambique, no período das 05.00 às 08.00 horas.
Escutar e fazer uma resenha, com algumas notas comentadas sobre o que tinha
ouvido para posterior discussão em plenário.
Primeiro grande
obstáculo: acordar cedo. Acordou, ligou o rádio, muniu-se duma caneta e dum
bloco de apontamentos, e foi ouvindo. Música moçambicana para começar. Muita
dessa música, segundo ele me confidenciou “era mais para embalar do que para
despertar”.
Depois veio o
programa “Uma Data Na História”. Um dos acontecimentos retratados no programa
foi algo que tinha a vêr com Napoleão Bonaparte. Foi escutando ao mesmo tempo
que tomava algumas notas. De repente ouviu a locutora (era uma senhora que
apresentava o texto) dizer “Napoleão Bonaparte o imperador da Itália”. Não quis
acreditar no que estava a ouvir. Pensou que ainda estivesse ensonado, de tão
cedo ter acordado. Mas não. Ficou pasmado. Quis perguntar se a tal senhora que
ele estava a ouvir tinha a certeza do que estava a dizer ? Perguntar ele
perguntou, mas do outro lado do receptor não veio resposta nenhuma.
Pegou no seu
celular e ligou para um dos colegas do grupo que tinha também a mesma função de
ouvir naquela manhã a emissão da RM. O colega confirmou ter ouvido “Napoleão
Bonaparte o imperador da Itália”. Para reconfirmar fez um outro telefonema. A
mesma resposta dum outro colega seu.
No período da
tarde e perante o professor, qualquer dos alunos desse grupo, que tinha como
missão ouvir a emissão da Rádio Moçambique no período das 05.00 às 08.00 horas,
falou do mesmo assunto. A nossa estação pública de radiodifusão tinha dado um
pontapé na história ao afirmar que Napoleão Bonaparte tinha sido um imperador
italiano.
Depois de ouvir
esta história telefonei a alguns colegas meus para saber se de facto o que o
jovem estudante universitário me tinha contado, tinha acontecido. E os meus colegas
confirmaram. Aconteceu mesmo.
Afinal de quem é
a culpa ?
De quem escreveu o texto do programa “Uma Data na História” e não
teve o cuidado de o revêr? De quem eventualmente o corrigiu, se é que alguém se
deu ao luxo de fazer isso? Do Director de Programas ?
Este erro, de
tamanha monstruosidade, passou por esta cadeia inicial. No acto da gravação
passou pelo sonorizador e pela locutora, que são a ponta final do trabalho.
Nenhum deles foi capaz de emendar.
Com toda a base
de ferramentas que as novas tecnologias de informação nos possibilitam não dá
para perceber que nos dias de hoje se cometam erros desta natureza. E ainda por
cima na nossa empresa pública de radiodifusão.
Cultura geral,
por onde andas ?
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