Começo
por vos dizer que “roubei” o título da minha crónica de hoje ao meu colega e
amigo Alexandre Franco, que, na década de 70 partilhou comigo, nas transmissões
desportivas das Produções GOLO, alguns dos mais brilhantes momentos do nosso
basquetebol. Eu relatava e ele comentava. Porquê este título e porquê esta
crónica.
Pelo
simples facto de pretender partilhar com os leitores um facto que aconteceu e
que o Alexandre Franco retratou no “Milénio”, um jornal de grande prestígio e
expansão no Canadá e do qual ele é o Director, com uma crítica directa ao
“pantera negra”, que acabou por circular em diferentes portais da internet e
tudo a propósito duma afirmação de Eusébio, que numa entrevista à revista
”Única” que se publica em Portugal disse que não gosta do Sporting, porque era
um clube de elite, da polícia, que não gostava de pessoas de côr e era
consequentemente racista. Eusébio faz questão nesta entrevista de se referir
aos 2 sportingues. Ao da antiga cidade de Lourenço Marques, onde ele jogou, e
ao de Lisboa.
Eusébio
tem o direito de gostar e deixar de gostar. Ninguém tem nada com isso, até
porque “gostos não se discutem”. O que não pode é andar com baboseiras que em
nada prestigiam aquele que (em minha opinião) continua a ser uma referência no
panorama futebolístico do mundo ao afirmar que “o Sporting era um clube
racista”.
Se
era um clube racista, porque é que ele foi jogar pelos “verdes e brancos”, em
juniores, onde se sagrou campeão de Lourenço Marques na temporada de 1959/1960
ao lado de negros, mulatos e indianos, como foram os casos de Braga Borges,
Leitão, Florentino Bessa, Sau, James, Coelho, Delfim Madala, Roberto Mata,
Morais Alves ou Isidro, ou já em 1960 na equipa principal tendo como
companheiros Milicas, Nuno Martins, Rangel, Ângelo de Oliveira, Simões,
Amílcar, Frederico Costa ou Claudino Ribeiro, para falar apenas destes ? Foi
com esse plantel que jogando por um clube racista, ele chegou a campeão de
Lourenço Marques em 1960.
Como
que a querer tapar o sol com a peneira Eusébio nessa entrevista à revista
“Única” afirma que não jogou no Desportivo porque o treinador deste clube não
deixou. Se não podia jogar pelo
Desportivo e considerava que o eterno rival era um clube racista porque é que
ele não escolheu outro clube.
Volto
ao “racismo” do Sporting de Lourenço Marques, transcrevendo para esta minha
crónica uma passagem dum escrito recente do meu amigo Braga Borges (foi guarda
redes do Sporting e companheiro de Eusébio na categoria de juniores) e que diz
assim: “Se éramos um
clube elitista e racista, ele que explique então porque saíram do
"seu" Desportivo, para jogar no Sporting, o Satar e o Merali, que
eram indianos, e o Sérgio Albasini, que era mestiço” ?
Esquecimento ou falta de carácter ?
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