quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

ÁGUAS DE MARÇO

ÁGUAS DE MARÇO !  



       O porta-voz diz uma coisa. O seu superior hierárquico diz outra. O assunto é o mesmo. As posições entre chefe e subalterno são diferentes.  



Um diz que a estrada nacional vai passar a ser controlada. Outro diz que “não é bem assim”. Vamos controlar sim, se …



Se o quê? Se as perseguições não pararem.



Abrem a boca para dizer o que bem entendem. A credibilidade de um e de outro vai pelo ralo abaixo.



Ou será que andamos a brincar ao “polícia e ladrão “?



Bem me parece que sim.




Mas há mais: não se consegue encontrar um interlocutor válido. Mas antes, muito antes, o interlocutor existia. Era tratado com deferência. Com pompa a circunstância. De repente, perdemos o rasto do senhor. Anda pela parte incerta. E da parte incerta chega-nos a incerteza de que as coisas mudem. Para melhor é claro. Hoje diz-se uma coisa, amanhã outra. Perante este mar de contradições, as balas, dum e de outro lado, derrubam a esperança de paz. Derrubam o sonho da criança estudar. Das pessoas se movimentarem livremente. E dizem-se, os dois, amantes da paz.



Depois de muitas ajudas, muitos apoios, muita concertação, muita diplomacia, muitos observadores, há ainda quem venha de fora descobrir a pólvora: “há falta de confiança entre ambos”.



Há ainda a história duma carta com o pedido de mediação. Enviaram? Ou será que alguém diz que mandou e não mandou? Ou então alguém recebeu e diz que não recebeu?  



Como dizia o cineasta e amigo (cito com a devida vénia) João Ribeiro … “os recentes anúncios de uns, mais a falta de anúncios de outros, as vontades adormecidas e as capacidades ocultadas de todos, levam-nos, passo a passo, para um destino já conhecido. E a certeza desse destino é tão clara quanto escuros são os seus fins. Tic-Tac. The clock is thicken. Did you notice?”



As Águas de Março estão aí à porta.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

7 DE SETEMBRO DE 1974

MAFALALA … A GRANDE OPERAÇÃO.   

       Em Março de 2014, pessoa amiga, a partir de Lisboa, envia-me uma mensagem dizendo que “estou a ler o teu depoimento sobre o 7 de Setembro”. Fiquei surpreendido com essa informação. Vim a saber pela mesma fonte que esse depoimento, em forma de entrevista, feita pelo meu antigo colega e amigo José Alexandre Ribeiro Franco, e publicada inicialmente no portal electrónico “BigSlam” (www.bigslam.pt) tinha sido repescado pelo jornalista Ribeiro Cardoso, para o seu livro “O Fim do Império”.

       A partir daí comecei a encetar contactos no sentido de poder obter o livro. Neste percurso encontro-me com o Aurélio Le Bon que se prontificou de imediato em fazer chegar um exemplar às minhas mãos. Foi por sinal nesse dia que fiquei a saber da empreitada do Aurélio. Ele estava a dar corpo a uma ideia antiga. A de registar testemunhos dos que participaram na “grande operação” do 7 de Setembro de 1974. E assim se fez.

       Um dos estúdios da Rádio Moçambique serviu de ponto de encontro daqueles que se embrenharam nessa operação tão delicada como perigosa, de evitar um derramamento de sangue. Diariamente se faziam os registos magnéticos com depoimentos dos principais intervenientes, que posteriormente seriam transcritos para o papel e constituiriam matéria para o livro que foi lançado oficialmente em Maputo, anteontem.



       Embora sem obedecer a uma estrutura pré-definida, os depoimentos começam com uma pequena biografia dos actores que directa ou indirectamente contribuiram para a “operação Galo”, (Galo Galo Amanheceu), que culminou com a retomada do Rádio Clube de Moçambique, a 10 de Setembro de 1974.

       Mafalala 1974 … memórias do 7 de Setembro é um livro que nos remete ao passado. Um passado feito história que é preciso preservar e transmitir às novas gerações.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

TREINAR A DOR !!!

ABEL

       
Chegou a Maputo com esperança. Afinal, no meio de tanta desgraça, (chuva a mais por um lado e a menos por outro) é isso que a gente precisa. A esperança de vencer. Abel traz na bagagem a fórmula. Conta com a matéria-prima existente. E por cá essas “commodities” existem a dar com um pau. É só pesquisar nos bairros das nossas cidades, ali onde os prédios dão lugar aos tão necessários campinhos de futebol, onde se joga (va) com uma bola de trapos.

Abel chegou e mesmo antes de aterrar nesta cidade à beira do Índico plantada, trazia o remédio santo para os nossos “mambas”.

Na sua bagagem vem conhecimento, “know how” e vivência. Como treinador que é, vem apostado em “treinar a dor”. Como lutador que é vem apostado em “lutar contra a dor”. E como vencedor que é, vem disposto em “vencer a dor”.

Não estou a inventar nada. Foi o próprio Abel que disse, já lá vão uns tempos, quando os jornalistas perguntaram qual era o seu conceito de treinador.

Se procurarem (como o meu colega Luís Nhachote fez) no “you tube” ou noutra plataforma digital, vão encontrar o vídeo. Está lá tudo explicado. Tintim por tintim.


Enfim … conceitos !!!