As pressões para que Mswaty III opere mudanças políticas são muitas. Só que no pequeno Reino da Suazilândia ainda não chegaram os ventos de mudança. Recentemente o porta voz do Governo Percy Simelane acusou a África do Sul e particularmente o ANC e a Liga da Juventude de exigir reformas democráticas. E adianta: “A África do Sul esquece-se do apoio que nós fornecemos no periodo de luta contra o regime do apartheid. Nós apoiamos incondicionalmente e agora recebemos como troca esta pressão. Espero que ela acabe, porque afinal nós conhecemo-nos, são nossos amigos e vizinhos e com eles continuamos a manter relações cordiais”.
Isto foi dito numa entrevista que Percy Simelane, o porta-voz do Governo, concedeu à Rádio Nacional da Swazilândia.
O pequeno Reino de Mswaty III enfrenta uma crise económica sem precedentes. Isto levou a que o Governo (entre outras coisas) deixasse de pagar aos funcionários públicos. Estes e outros trabalhadores manifestaram-se. O partido PUDEMO iniciou esse movimento. Teve apoio da Central Central dos Trabalhadores Sul Africanos e da Liga da Juventude. Iniciava-se depois o boicote cultural. Houve mesmo uma decisão de não enviar artistas sul-africanos para actuação na Suazilândia.
Para tentar debelar essa crise o Governo Sul Africano concedeu um empréstimo de 2,4 biliões de randes, sendo que esse valôr deveria ser utilizado para iniciar o processo de reformas democráticas e de revitalização da sua economia, tendo por base os principios definidos pelo Fundo Monetário Internacional.
Na África do Sul a COSATU e a Liga da Juventude não gostaram do gesto por entenderem que o dinheiro alocado pelo Governo Sul Africano iria beneficiar directamente Mswaty III e não a população do pequeno Reino.
Num recente encontro o Secretário Geral do ANC fez questão de dizer que se tratava dum empréstimo e não de uma doação. E na ocasião solicitou ao Governo Suazy que “liberte” os Sindicatos do País, porque sem isso não há reformas democráticas.
Há algumas indicações de que a União Europeia está disposta a apoiar Mswaty III com uma ajuda financeira, cujo valôr não foi revelado, destinado a reformas fiscais e ao incremento da actividade do sector agrícola, cujos níveis de produção baixaram consideravelmente nos últimos 2 anos, obrigando os suazis a importarem quase tudo da África do Sul.
Mswaty III considera que esta ajuda da comunidade internacional “surge num momento em que o mundo inteiro se confronta com uma crise financeira sem precedentes. Estou contente pelo “resgate” que nos está a ser oferecido pelo Governo Sul Africano”.
Por um lado a condenação. Por outro a satisfação pelo apoio. Mswaty III pelos vistos sabe bem o que significa “dar uma no cravo e outra na ferradura”.
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