segunda-feira, 26 de março de 2012

Rei Mswaty III ... uma no cravo, outra na ferradura.


As pressões para que Mswaty III opere mudanças políticas são muitas. Só que no pequeno Reino da Suazilândia ainda não chegaram os ventos de mudança. Recentemente o porta voz do Governo Percy Simelane acusou a África do Sul e particularmente o ANC e a Liga da Juventude de exigir reformas democráticas. E adianta: “A África do Sul esquece-se do apoio que nós fornecemos no periodo de luta contra o regime do apartheid. Nós apoiamos incondicionalmente e agora recebemos como troca esta pressão. Espero que ela acabe, porque afinal nós conhecemo-nos, são nossos amigos e vizinhos e com eles continuamos a manter relações cordiais”.

Isto foi dito numa entrevista que Percy Simelane, o porta-voz do Governo, concedeu à Rádio Nacional da Swazilândia.

O pequeno Reino de Mswaty III enfrenta uma crise económica sem precedentes. Isto levou a que o Governo (entre outras coisas) deixasse de pagar aos funcionários públicos. Estes e outros trabalhadores manifestaram-se. O partido PUDEMO iniciou esse movimento. Teve apoio da Central Central dos Trabalhadores Sul Africanos e da Liga da Juventude. Iniciava-se depois o boicote cultural. Houve mesmo uma decisão de não enviar artistas sul-africanos para actuação na Suazilândia.

Para tentar debelar essa crise o Governo Sul Africano concedeu um empréstimo de 2,4 biliões de randes, sendo que esse valôr deveria ser utilizado para iniciar o processo de reformas democráticas e de revitalização da sua economia, tendo por base os principios definidos pelo Fundo Monetário Internacional.

Na África do Sul a COSATU e a Liga da Juventude não gostaram do gesto por entenderem que o dinheiro alocado pelo Governo Sul Africano iria beneficiar directamente Mswaty III e não a população do pequeno Reino.

Num recente encontro o Secretário Geral do ANC fez questão de dizer que se tratava dum empréstimo e não de uma doação. E na ocasião solicitou ao Governo Suazy que “liberte” os Sindicatos do País, porque sem isso não há reformas democráticas.

Há algumas indicações de que a União Europeia está disposta a apoiar Mswaty III com uma ajuda financeira, cujo valôr não foi revelado, destinado a reformas fiscais e ao incremento da actividade do sector agrícola, cujos níveis de produção baixaram consideravelmente nos últimos 2 anos, obrigando os suazis a importarem quase tudo da África do Sul.

Mswaty III considera que esta ajuda da comunidade internacional “surge num momento em que o mundo inteiro se confronta com uma crise financeira sem precedentes. Estou contente pelo “resgate” que nos está a ser oferecido pelo Governo Sul Africano”.

Por um lado a condenação. Por outro a satisfação pelo apoio. Mswaty III pelos vistos sabe bem o que significa “dar uma no cravo e outra na ferradura”.

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