Mão amiga fez-me chegar uma informação sobre a possibilidade da África do Sul poder vir a perder a sua hegemonia económica em África que pretendo partilhar hoje com os leitores do Correio da Manhã. E as ameaças, podem vir da Nigeria, do Egipto e do Quénia, três paises com assinalável progresso económico nos dois últimos anos, e cujas acções no sentido de atrair investimento são mais aliciantes, muito embora se reconheça que, pelo menos por agora, nenhum destes 3 países tem (tal como a África do Sul tem) um sofisticado e eficiente sistema financeiro, o melhor sistema legal e uma Bolsa de Valores funcional (JSE – Johannesburg Stock Exchange) que constitui um suporte importante no que ao desenvolvimento económico diz respeito. Os analistas consideram no entanto que estas desvantagens não são suficientes para proteger a África do Sul, tido como “país ideal para investimento na região sub-sahariana de África”.
A questão da possível perda de hegemonia económica da África do Sul deriva do tumulto criado pelas bombásticas intervenções do polémico Julius Malema. Como sabem ele foi expulso do ANC, (já recorreu da decisão da Comissão Disciplinar) por criar divisões no seio do partido no poder e por outro lado por ter manchado a imagem da África do Sul, interferindo assim de forma directa na política externa do País ao ter catalogado o Governo do Botswana como estando conotado com o imperialismo. Julius Malema criou (e continua a criar) embaraços ao Partido e ao Governo, quando se pronunciou sobre nacionalizações da terra, dos Bancos e do sector mineiro.
De há 2 anos a esta parte esse ciclo de intervenções intimidou investidores. Alguns foram dando o benefício da dúvida. Outros fazem ainda um compasso de espera. O Governo respondeu, por mais do que uma vez e publicamente afirmou que “as nacionalizações não estão na nossa agenda”.
Um analista político sul africano comentava dizendo que “não estão na nossa agenda” pelo menos por agora, porque a decisão final sobre o assunto acontecerá em Dezembro deste ano, no Congresso do ANC, que, entre outras coisas, vai decidir se Jacob Zuma continuará ou não a dirigir o partido no poder. E se daqui a 9 meses houver um “sim” às nacionalizações, que reflexos isso pode ter na economia sul africana ?
Apresento-vos 2 cenários: se houver nacionalizações a 100% o Estado vai gastar 1 trilião de randes. Se a nacionalização optar pela aquisição de 50% o gasto vai ser de 500 biliões de randes. Estes números estão nos niveis dos valores alocados pelo Governo para o OGE de 2012/2013, com um peso importante para a área de infra-estruturas e que foi apresentado o mês passado pelo Ministro das Finanças, o Dr. Pravin Ghordan.
A possível perda de hegemonia, de acordo com a Business Unity South Africa (instituição similar à CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique) resulta de vários factores e um deles, de acordo com esta instituição que congrega no seu seio um enorme número de empresários sul africanos, deriva do facto de não haver certezas sobre os problemas que as Taxas de Juro e a inflacção colocam neste momento ao mercado interno e externo. |
Os dados actuais indicam que em 2050 a musculatura económica do Egipto pode duplicar, comparativamente com a África do Sul, enquanto que a Nigéria pode alcançar níveis 3 vezes superior, de acordo com Michael Jordaan, Presidente do Conselho de Administração do First National Bank. A Nigéria, em 2010 atraiu investimento estrangeiro na ordem dos 11 biliões de dolares norte-americanos contra 1,6 biliões da África do Sul.
Num momento conturbado politicamente, com visiveis divisões no seio do ANC, o lado económico parece estar a ser colocado em segundo plano. E se as coisas continuarem assim, não custa acreditar que Nigéria, Egipto e Quénia constituam já uma ameaça para a África do Sul que continua a afirmar-se “potência económica de África”, numa altura em que muitos paises do Continente (e não só) questionam a entrada dos sul africanos para o Grupo BRICS, que integra também o Brasil, Russia, India, e China . Por isso tem razão de ser a pergunta: “hegemonia económica do Continente ... até quando” ?
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